Já ouvi muitos questionamentos
quanto à missa nova e tridentina. Se em ambas está presente o sacerdote,
Cristo, sua palavra e seu corpo na eucaristia, por que vou à missa tridentina?
Primeiramente como músico,
prefiro começar pela música. Quem
canta reza duas vezes, dizia Santo Agostinho, música e sacralidade tem tudo a
ver. Certos tipos de ritmos e músicas não são adequadas para a missa, as que
tocam atualmente nas missas brasileiras estão totalmente inapropriadas. O canto
gregoriano eleva a alma a Deus, ao som do coro e do órgão podemos cantar a beleza de Deus, lembrando
que a música é cantada para Deus e não para agradar as pessoas.
Segundo ponto, por causa do respeito que se deve a
missa. Na santa missa não se batem palmas, não se assiste sentado ou sem
nenhuma reverência, se acompanha modestamente vestido sem conversas ou atitudes
insanas.
Terceiro, por causa do rito em si. Há no padre postura, ele é Cristo, está
propriamente paramentado, sabe muito bem o que está celebrando, se humilha
perante Deus, e pede que ele seja purificado de seus pecados antes de adentrar
o altar. Ainda no coro, ele precisamente pronuncia as primeiras palavras
“Entrarei no altar de Deus, ao Deus que dá alegria a minha juventude”. Em todos
os lugares no mundo o rito latino é o mesmo, não se muda nem mesmo um único
gesto ou palavra, demonstra a universalidade da Igreja. A postura do sacerdote
que se inclina a Deus, ele está ali, e roga a Deus por nós, como Cristo. Todo o
mistério de Cristo está ali, não se pode perder nenhum detalhe. É visualmente
belo, sonoramente audível, fisicamente edificante, em todo sentido é um culto
exclusivamente à Deus, e o homem deve se inclinar e adorá-lo, escutá-lo,
submeter-se, entregar-se, converter-se. Ou seja não é simplesmente um rito é um
ato de fé e adoração.
Quarto, por causa do silêncio, ao menos que pelas primeiras vezes não
pudesse entender por completo todos os gestos, sinais e dizeres, fiquei em
silêncio e contemplava tudo o que acontecia, tudo o que estava ali me levava a
rezar e pensar na minha salvação.
Quinto, por causa da contemplação, como admiramos os quadros, pinturas e
imagens esculpidas, que iconografiam nossa fé, a santa missa no rito tridentino
é contemplativa, mais parecem o céu.
Sexto, por causa da sacralidade, não se pode confundir coisas santas e
profanas. Elas se opõem, a começar pelas músicas e termina pela maneira de se
vestir. Nas missas brasileiras se
procura imitar até mesmo o modo de se vestir na sociedade, não se pode confundir.
A modéstia no vestir, por exemplo, inspira muitas pessoas a viver uma vida
santa. Não somente isso, não temos o direito de tocar na Eucaristia, somente o
sacerdote tem as mãos ungidas para tal, somos indignos e não recebemos essa
missão.
Sétimo, por causa da humilde inclinação, não se quer chegar a Deus por
força de palavras, mas pela humildade e arrependimento, ninguém pede perdão a
Deus sem um gesto de inclinação, no caso durante o Kyrie, e também nos momentos
apropriados, bate-se no peito dizendo “Minha culpa, minha culpa, minha tão
grande culpa”, somos nós os responsáveis pelos nossos atos, pecamos e estamos
arrependidos.
Oitavo, por causa da orientação. Vou explicar, na missa tridentina, a
orientação é Deus chamada versus Deum,
ele está no sacrário e no crucifixo, toda a nossa atenção está em Deus, e não
no leitor, no salmista, no cantor, nos ministros da comunhão que está no altar,
nos coroinhas, de jeito nenhum, temos somente olhos para Cristo.
Nono, a missa tridentina devolve ao católicos a sua verdadeira fé,
não sentimos em nós mas o vemos com os nossos olhos a sacralidade da missa. Não
estamos com os olhos no meio ou em nós mas no céu, no alto, buscando afeiçoarmos
ao Senhor nossas vidas. E de joelhos adoremos ao Rei dos Reis, Jesus Cristo que
é digno de toda honra e majestade.